sexta-feira, 23 de outubro de 2015

MICRÔNICA | Uma crônica micro

Resolvi dar o cano. Nunca havia feito isso, juro. Depois de 20 anos como profissional sempre fui firme em minhas convicções de filho da geração X: bater o ponto é honrar as calças.

Mas aí, ao longo do caminho, isso (Imag. I). Apesar de passar pelo mesmo caminho incontáveis vezes tudo pareceu novo. Talvez a variável não seja externa, mas interna. Sei lá. Dizem que tal coisa acontece ao menos uma vez na vida de todos. Sei lá.

Resolvi assumir as consequências daquele ato infame. Sem destino, em segunda, de pisca alerta ligado para os incomodados passarem pela faixa da esquerda, segui para o desconhecido mundo dos sem ar condicionado, sem gravata, sem wifi, sem maquininha de café no fim do corredor (Imag. II).

Naquele dia, sexta-feira, meu horizonte mudou: “Alô. Redação? É. Não, não vou hoje. A pauta? Caiu. Sei. Não, não. Sim, Sim. É, eu derrubei :) ... ... ... O chefe? Não, ele não. O RH. ... ... Não, não lamente. Estou bem. Não eu não estou bêbado. Drogas? Não. Bom, na verdade, estou usando coisa muito pior (Imag. III). Tratamento? É possível. Na verdade já acabei de começar um. Foi um prazer. Depois falo com o pessoal. E, diga para o chefe não me escrever. Eu escrevo pra ele :)”

Meus pés estavam firmes naquela decisão (Imag. IV). Pela primeira vez entendi porque as pessoas daquela cidade, apesar de tantos problemas, relutavam em deixá-la.